Apesar da coagulação com árgon plasma ser considerada ainda o tratamento de primeira linha na anemia ferropénica causada por GAVE, é um procedimento com um risco de recorrência de anemia a médio prazo de 30-60%. Os autores relatam um caso que salienta a eficácia da laqueação elástica no tratamento endoscópico da GAVE, reforçando a necessidade desta opção ser considerada precocemente na abordagem destes doentes.
O Sarcoma de Kaposi envolve frequentemente o trato gastrointestinal. Doentes infectados com HIV têm um risco aumentado bem estabelecido quer de Sarcoma de Kaposi e quer de linfoma. No entanto, a coexistência de Sarcoma de Kaposi e linfoma difuso de grandes células B gástricos (e, no nosso caso, na mesma lesão) não foi previamente relatado.
A hepatite E aguda é uma entidade subdiagnosticada em áreas não-endémicas e na ausência de contexto epidemiológico. As manifestações extra-hepaticas da doença são raras e os mecanismos fisiopatológicos mal compreendidos.
A sarcodoidose é uma doença granulomatosa crónica sistémica de etiologia desconhecida que pode apresentar-se, em até cerca de 30 por cento dos casos, com manifestações extrapulmonares. Os autores apresentam este caso pela raridade da sua apresentação, pelo desafio diagnóstico que constituiu e para realçar a informação fornecida pela biópsia hepática, que se revelou essencial no diagnóstico.
A hemorragia digestiva alta é uma importante causa de vinda ao serviço de urgência. Apesar da doença ulcerosa péptica e da rotura de varizes esofágicas serem as causas mais comummente encontradas há diagnósticos raros que devem também ser tidos em conta.
O tratamento com doxiciclina é habitualmente eficaz com normalização das provas hepáticas em cerca de duas semanas. Propomos a apresentação deste caso pela sua raridade e dificuldade diagnóstica, com valorização da biópsia no esclarecimento de causas menos comuns de doença hepática.
O caso descrito é particularmente interessante pela forma de apresentação rara de fístula entero-vesical com acidose metabólica grave. Na presença desta perturbação ácido-base o diagnóstico de fístula entero-vesical deve ser considerado, particularmente em doentes com história de cirurgia abdominal ou radioterapia prévias. É ainda de peculiar interesse o diagnóstico ter sido considerado após realização de enteroscopia com cápsula.
A enterite rádica (ER) representa uma complicação frequente da radioterapia abdominopélvica no tratamento de neoplasias uro-ginecológicas e gastrointestinais. A forma aguda resulta da toxicidade celular direta, que ocorre nas primeiras semanas pós-radioterapia. Não existe tratamento específico dirigido para esta condição. Os autores apresentam um caso de enterite rádica extensa com desfecho fatal por complicação infeciosa.
Apesar das neoplasias duodenais serem raras, devem ser suspeitadas sobretudo em doentes com infecção VIH e achados endoscópicos compatíveis. A histologia é confirmatória. O diagnóstico e terapêutica precoces são fundamentais.
Os autores apresentam este caso pela sua raridade, e pela dificuldade no diagnóstico diferencial com doença inflamatória intestinal perante a apresentação como pancolite. O local de envolvimento extraganglionar mais frequente por linfomas é o tubo digestivo, no entanto, o envolvimento cólico é raro. O cego é o local mais frequentemente envolvido e a apresentação como pancolite é rara. A apresentação com hemorragia digestiva baixa tem uma incidência muito variável nas diferentes séries publicadas (13-82%). A larga maioria são linfomas difusos de grandes células B (47-81%). O linfoma do manto é raro, tem tipicamente mau prognóstico e a sua incidência parece estar a aumentar.