O desenvolvimento de técnicas de dissecção endoscópica da submucosa (DES) tem permitido a excisão em bloco de lesões pré-malignas e malignas precoces do tracto gastrointestinal, independentemente do seu tamanho, e deste modo desafiar os critérios clássicos de curabilidade endoscópica. Dada a morbilidade associada à alternativa cirúrgica, a DES para o tratamento de lesões esofágicas precoce é muito promissora e tem demonstrado ser exequível e segura principalmente em séries orientais.
A drenagem biliar guiada por ecoendoscopia é uma alternativa à cirurgia e à drenagem percutânea, quando a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica falha (3-5% dos casos). A hepatogastrostomia guiada por ecoendoscopia está indicada em situações específicas, nomeadamente obstrução gástrica/invasão duodenal, alteração anatómica e obstrução biliar proximal. Para além disso, em procedimentos paliativos, a drenagem biliar interna apresenta vantagens à percutânea, sendo mais cómoda para o doente. É um procedimento tecnicamente difícil e com potenciais complicações (migração da prótese, colangite e peritonite biliar).
Com o desenvolvimento do ecoendoscópio linear e agulhas finas na década de 90 tornou-se possível abordar estruturas vasculares próximas do tubo digestivo. Contudo, os dados da literatura permanecem escassos sendo necessários estudos prospectivos e aleatorizados que demonstrem a eficácia e segurança destas técnicas.
As terapêuticas endoscópicas tradicionalmente usadas na acalásia – dilatação pneumática e toxina botulínica – apresentam eficácia limitada a longo-prazo. Na última década a técnica POEM (Peroral Endoscopic Myotomy) surgiu como uma terapêutica endoscópica alternativa, minimamente invasiva, com resultados promissores em termos de segurança e eficácia nos estudos iniciais. Embora sejam necessários estudos comparativos a longo-prazo entre a miotomia cirúrgica tradicional (de Heller) e a técnica POEM, esta terapêutica endoscópica inovadora encontra-se em clara expansão, com potenciais vantagens relativamente à abordagem laparoscópica e com elevada eficácia aos 10 meses em Centros Europeus e Norte-Americanos de referência.
As fístulas aorto-esofágicas são uma causa rara de hemorragia digestiva; uma das principais causas é a erosão da parede esofágica por um aneurisma da aorta torácica. A reparação aórtica endovascular permite o controlo rápido da hemorragia proveniente da aorta, contudo, não repara a parede esofágica, mantendo-se o risco de mediastinite e infecção do enxerto aórtico. Relatos prévios consideram a correcção cirúrgica da lesão esofágica após estabilização do doente, contudo, a reconstrução esofágica secundária pode causar trauma cirúrgico significativo. As próteses esofágicas são universalmente utilizadas no tratamento de fístulas esofágicas. Em casos seleccionados, poderão ser uma alternativa menos invasiva e eficaz nas fístulas aorto-esofágicas, excluindo o defeito da parede, permitindo a cicatrização e alimentação oral.
A doença celíaca assume-se como a causa mais frequente de enteropatia atrófica. No entanto, a atrofia vilositária num doente seronegativo constitui um dilema diagnóstico que deverá motivar a investigação de causas adicionais antes de se estabelecer um diagnóstico definitivo de doença celíaca seronegativa.
O Hidrotórax Hepático (HH) ocorre em 5% dos doentes com cirrose hepática e ascite. É causado pela transferência do líquido ascítico do abdómen para o espaço pleural através do diafragma, devido ao gradiente de pressão negativo intratorácico. O seu tratamento pode tornar-se difícil, com frequente refractariedade a diuréticos e toracocenteses evacuadoras. Outras alternativas, como a pleurodese, podem revelar-se agressivas com elevado risco de complicações.
A Doença associada ao Clostridium difficile (DACD) recidivante ocorre em 10-25% dos doentes tratados com metronidazol e vancomicina. Recentemente, o transplante de microbiota fecal foi aprovado na 3ª recidiva de DACD com uma alta taxa de sucesso (?90%). A sua aplicação na Doença inflamatória intestinal (DII) ainda é escassa.
Nos últimos anos tem se verificado um aumento do alerta clínico para o amplo espectro de doenças por mutação no gene ABCB4. Os autores apresentam um caso de um indivíduo jovem, com necessidade de colecistectomia precoce e história familiar de litíase vesicular e alteração das provas hepáticas em que se confirmou a presença de mutações no gene ABCB4, enquadrando-se no espectro do low phospholipid associated cholestasis syndrome (LPAC). O tratamento atempado com AUDC permite evitar evolução para formas graves, incluindo cirrose hepática.
O linfangioma do cólon é uma lesão subepitelial benigna rara, geralmente assintomática, constituindo na maioria das vezes um diagnóstico incidental. Atualmente, é aceite que o seu diagnóstico pode ser baseado em achados endoscópicos complementados pela caracterização ultrassonográfica obtida pela ecoendoscopia.