Este caso, documentado com vídeo do procedimento, pretende expor uma técnica endoscópica difícil e com algum risco mas que permitiu evitar uma provável toracotomia reduzindo a morbi-mortalidade.
O trato gastrointestinal é a localização extranodal mais frequente dos linfomas não-Hodgkin (LNH). Estes são diagnosticados maioritariamente (60-70%) no estômago, seguido-se o intestino delgado, o cólon e o recto. Menos frequentemente (5-15%) podem estar presentes em múltiplas localizações no trato gastrointestinal.
A maioria dos corpos estranhos ingeridos passam pelo tracto gastrointestinal sem qualquer complicação. No entanto, em 20% dos casos, há necessidade de intervenção endoscópica. Na maioria dos casos, são assintomáticos, podendo ocorrer sintomas inespecíficos, como dor abdominal e em casos mais graves, perfuração e hemorragia. A incidência de perfuração é inferior a 1%, acontecendo com maior frequência com objectos longos e pontiagudos como ossos de galinha, espinhas de peixe, palitos dentários ou agulhas. Actualmente, com o desenvolvimento das técnicas endoscopias, inúmeros casos de corpos estranhos ingeridos têm sido removidos com sucesso por endoscopia.
O linfoma MALT é o linfoma não-Hodgkin extra-nodal mais comum. Na maioria dos casos localiza-se no estômago (50%) e menos frequentemente no colon (10%). A localização simultânea em dois órgãos do tubo digestivo é rara, com poucos casos descritos na literatura. Menos frequente é a existência simultânea de linfoma MALT gástrico e carcinoma de células em anel de sinete. A etiologia é complexa e multifatorial. A infeção por H.pylori é descrita como o fator mais importante para o desenvolvimento destas duas neoplasias.
A técnica de ligadura elástica pode ser usada na ressecção de lesões nodulares gástricas, nomeadamente de tumores carcinóides. Tratando-se de uma técnica barata, segura e fácil de executar, esta abordagem deverá ser considerada de primeira linha no tratamento de tumores carcinóides do tipo 1.
A gastrite infecciosa em indivíduos imunocomprometidos é um achado frequente, sendo a etiologia a citomegalovírus (CMV) mais rara. A endoscopia digestiva alta (EDA) é a abordagem mais sensível e especifica para o diagnóstico e monitorização destas lesões, muitas vezes enigmáticas.
A lesão de Dieulafoy ocorre após ruptura de um vaso de médio calibre muito próximo da camada epitelial. A maioria destas lesões estão localizadas no estômago, embora também descritas no esófago, intestino delgado e raramente no cólon e recto. Trata-se de uma lesão frequentemente subdiagnosticadas, provavelmente dada a sua raridade, por isso é necessário um elevado índice de suspeição para o diagnostico correto e tratamento adequado.
Os hemangiomas do pescoço e cabeça são uma neoplasia vascular incomum, com comportamento clínico imprevisível. Sobretudo entre os tumores benignos do esófago, o hemangioma esofágico é relativamente raro. Os hemangiomas são lesões relativamente indolentes e, na maioria dos casos, a observação clínica é a melhor abordagem. Geralmente não condicionam sintomas, contudo, a obstrução e hemorragia podem ocorrer em situações raras. A mucosa esofágica geralmente apresenta uma colocação azulada. Em doentes com sintomas, como hemorragia, estenose e/ou problemas estéticos, poderá ser necessário tratamento, como esofagectomia ou enucleação. Têm sido descritos, recentemente, técnicas de escleroterapia, terapêutica a laser e ressecção endoscópica da mucosa.
A Síndrome de Bouveret é a variante mais rara do íleus biliar, sendo ainda controverso o melhor tratamento. A estratégia endoscópica tem sido recomendada como primeira abordagem devido às menores complicações associadas, evitando uma intervenção cirúrgica complexa em doentes que habitualmente são idosos e apresentam múltiplas co-morbilidades.
O risco de perfuração iatrogénica na colonoscopia varia de 0,1-2%. Com a expansão das indicações para terapêutica endoscópica o número absoluto de perfurações iatrogénicas tenderá a aumentar.