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VOLVO GÁSTRICO – UMA CAUSA RARA E POTENCIALMENTE FATAL DE HEMORRAGIA DIGESTIVA
Diogo Bernardo Moura; Carolina Chálim Rebelo; Margarida Flor De Lima; Nuno Paz; Vera Costa Santos; Ana Catarina Rego; José Renato Pereira; Nuno Nunes; Maria Antónia Duarte

Doente do sexo feminino, 89 anos de idade, com antecedentes de fibrilhação auricular anticoagulada com apixabano e hérnia do hiato tipo IV. Recorre ao serviço de urgência por epigastralgia e hematemese, sem repercussão hemodinâmica. Confirmou-se hemorragia digestiva após colocação de sonda nasogástrica, tendo iniciado perfusão com inibidor de bomba de protões. Realizou endoscopia digestiva alta urgente com confirmação de volumosa hérnia do hiato. Observaram-se abundantes coágulos de sangue parcialmente digerido e resíduos alimentares. Na porção distal da hérnia verificou-se uma torção subtotal da mucosa, com cor negra, impossível de ultrapassar com o endoscópio. Realizou tomografia computorizada toracoabdominal, com confirmação de volvo gástrico. Este exame descreveu uma rotação parcial mesentero-axial do estômago em cerca de 90º (o piloro ascendendo acima do nível do cardia); áreas de realce mucoso esbatido e tardio da parede gástrica compatível com focos isquémicos.

ENTEROPATIA ULCERADA JEJUNO – QUANDO PENSAR EM DISTÚRBIOS HEMATOLÓGICOS EM GASTRENTEROLOGIA?
João Carlos Silva; Inês Rueff Rato; Rolando Pinho; Adélia Rodrigues; Ana Ponte; Margarida Badior; Xiaogang Wen; Ana Catarina Gomes; Edgar Afeto; João Correia; Manuela Estevinho; João Carvalho

Mulher de 56 anos admitida no SU por quadro de dor abdominal, vómitos e febre (37,8ºC). Trata-se de uma doente com antecedentes de HTA, DM tipo 2 e tuberculose pulmonar. À admissão Hb-10,2g/dL, VGM-103fL, plaquetas38x10E3/uL, LDH-450 U/L e PCR-10,9mg/dL. Análise sumária de urina sem alterações. TAC abdominal revelou trombo oclusivo agudo da veia porta e espessamento parietal da 3ª/4ª porções duodenais e jejuno proximal associando-se a densificação da gordura regional. Identificou-se ainda nódulo hepático de 18mm na transição lobo caudado/lobo direito, com realce na fase arterial, sem wash out. Realizada enteroscopia por via oral, com progressão até ao jejuno proximal, observando-se na 4ª porção duodenal e jejuno proximal 2 úlceras com 8mm e 12mm e 1 lesão ulcerada a envolver ¾ da circunferência luminal, em área de mucosa adjacente normal.

POLIPOSE GÁSTRICA ISOLADA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Pedro Currais; Ana Craciun; Filipe Damião; João Lopes; Margarida Sobral Dias; Rui Tato Marinho

Mulher de 55 anos, sem antecedentes familiares de relevo, com antecedentes pessoais de colite ulcerosa refratária a terapêutica médica, submetida a protocolectomia total com ileostomia definitiva em junho/2015 (peça operatória corroborou o diagnóstico de colite ulcerosa em fase ativa, sem outras alterações, nomeadamente lesões polipoides). 4 anos após intervenção cirúrgica inicia quadro de instalação progressiva de náuseas, vómitos pós-prandiais e anemia ferropénica. Realizou EDA onde se observou, em todo o corpo distal e antro, incontáveis formações polipoides, semi-pediculadas, de aparência edematosa, que prolapsam para o lúmen gástrico dificultando a visualização da mucosa a passagem para o bulbo. Estas lesões envolvem o piloro, que não se consegue individualizar e continuam-se pelo bulbo proximal. Realizadas múltiplas macrobiópsias, compatíveis com pólipos hiperplásicos (sem evidência de infeção por HP). Realizou posteriormente TC AP onde é descrito acentuado espessamento pseudopolipóide das pregas gástricas, principalmente no corpo e antro, sem outras alterações de relevo. Por agravamento das queixas, associado a perda ponderal significativa e intolerância alimentar (apesar de terapêutica médica otimizada), foi submetida a gastrectomia total com reconstrução em Billroth II, sem intercorrências. A análise anatomopatológica revelou a presença de múltiplos pólipos hiperplásicos e hamartomatosos em provável contexto com síndrome hereditário (nomeadamente Síndrome de Polipose Juvenil, Síndrome de Cowden ou Síndrome de Cronkhite-Canada). A doente foi posteriormente avaliada em consulta de risco familiar, aguardando de momento a realização de diagnóstico genético para posterior definição de proposta de vigilância.

DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO DE PANCREATITE PARADUODENAL
Carina Leal; Maria Silva; Antonieta Santos; Alexandra Fernandes; Eduardo Pereira; Helena Vasconcelos

Homem, 39 anos, recorre ao serviço de urgência por vómitos incoercíveis. Associadamente, o doente reportava náuseas, vómitos alimentares e perda ponderal involuntária com 6 meses de evolução. Negava dor abdominal, febre ou icterícia mucocutânea. Como antecedentes pessoais, a referir diabetes mellitus conhecida há dois anos, ausência de consumo de consumo de álcool e abstinência tabágica há dois anos.

LATERAL SPREADING TUMOUR WITH SURROUNDING COLONIC DIVERTICULA SUCCESSFULLY RESECTED BY ENDOSCOPIC SUBMUCOSAL DISSECTION
Rui Mendo; Catarina Félix; Catarina O'neill; José Rodrigues; Pedro Barreiro; Cristina Chagas

A 67-year-old man was referred to our center for resection of a non-granular lateral spreading tumour (Paris classification T0-IIa) with 15 mm of the transverse colon, with multiple diverticula surrounding the lesion (the closest one within 2-3 mm from the lesion). Narrow-band imaging was suggestive of an adenoma without invasive features (JNET2A). Due to the morphology and proximity of the diverticula, it was proposed for endoscopic submucosal dissection. The procedure took place in the endoscopy unit with anesthetic support. Orise solution (Boston Scientific) was injected to obtain a good submucosal cushion followed by ESD technique with Flush Knife (1,5 mm), with particular care during incision and dissection near the diverticulum. The lesion was successfully resected en bloc without complications and the procedure lasted 20 minutes. Pathologic findings revealed an adenoma with high-grade dysplasia with a negative margin (R0). The post-ESD course was uncomplicated.

DISSECANDO POR MÉTODO DE POCKET - DISSEÇÃO DA SUBMUCOSA DE LESÃO POLIPOIDE DA SIGMOIDEIA
Diogo Bernardo Moura; Nuno Nunes; Carolina Chálim Rebelo; Margarida Flor De Lima; Vera Costa Santos; Ana Catarina Rego; José Renato Pereira; Nuno Paz; Maria Antónia Duarte

A disseção endoscópica da submucosa é uma técnica endoscópica eficaz na resseção completa de lesões polipoides com maior risco de invasão superficial da submucosa. Doente do sexo masculino, 73 anos de idade, realizou colonoscopia que revelou a presença de um pólipo séssil com cerca de 40 mm na sigmoideia (classificação de Paris Is, JNET 2B).

ACHADOS ENDOSCÓPICOS NUMA CRISE CELÍACA
Isabel Garrido; Ana Luísa Santos; Armando Peixoto; Hélder Cardoso; Guilherme Macedo

Os autores reportam o caso de um doente do sexo masculino, 34 anos, com antecedentes de imunodeficiência comum variável, com hipogamaglobulinemia, e adenocarcinoma do sigmoide, submetido a colectomia total com ileostomia terminal. Foi internado devido a ileostomia de alto débito, com distúrbios hidroeletrolíticos graves (hiponatremia, hipocaliemia, hipomagnesemia e hipofosfatemia) e défices nutricionais (IMC 14,81 Kg/m2 ). Realizou endoscopia digestiva alta que revelou mucosa duodenal com apagamento das pregas e vilosidades. O exame anatomopatológico evidenciou marcada atrofia vilositária, hiperplasia das criptas e 31 linfócitos intra-epiteliais /100 enterócitos. Analiticamente apresentava anticorpo anti-transglutaminase IgA <7UI/L, mas com défice de IgA. Realizou videocápsula endoscópica (VCE) que revelou alterações exuberantes da mucosa duodenal e jejunal, com atrofia vilositária, eritema, fissuras e extensas áreas com padrão em mosaico (os achados atenuavam-se a partir do jejuno distal); mucosa ileal com encurtamento de vilosidades. Perante o diagnóstico de crise celíaca, inciou tratamento com corticoterapia endovenosa e nutrição parentérica total. Ao longo do internamento apresentou evolução clínica favorável, com diminuição progressiva da drenagem pela ileostomia. Analiticamente com correção progressiva dos distúrbios hidroeletrolíticos e défices nutricionais. Fez switch para corticoterapia oral e iniciou dieta isenta de glúten, com boa tolerância. Dada a estabilidade clínica, teve alta com corticoterapia em esquema de desmame. Dois meses após a alta hospitalar, apresentava ótimo estado geral, com ganho ponderal de 15kg (IMC 20,68 Kg/m2 ). Analiticamente sem distúrbios hidroeletrolíticos ou défices nutricionais.

IMPORTÂNCIA DA REAVALIAÇÃO ENDOSCÓPICA: DA PREGA POLIPOIDE À MUCOSECTOMIA GÁSTRICA POR BANDAS
Marisa Linhares; Diana Ramos; Flávio Pereira; Ana Caldeira; Rui Sousa; António Banhudo

Mulher, 63 anos, autónoma. No estudo de epigastralgias, em Maio de 2017 foi submetida a uma EDA, onde foram observadas várias lesões erosivas no corpo e antro. Foi medicada e orientada para reavaliação posterior. Em Agosto do mesmo ano, por manutenção das alterações endoscópicas foi referenciada a consulta hospitalar.

HEPATODUODENOSTOMIA (VIA BILIAR INTRA-HEPÁTICA DIREITA) COM PRÓTESE LUMENAPPOSING NA PALIAÇÃO DE ICTERÍCIA
Carolina Chálim Rebelo; Nuno Nunes; Margarida Flor De Lima; Diogo Bernardo Moura; José Pereira; Vera Costa Santos; Ana Catarina Rego; Nuno Paz; Maria Antónia Duarte

Doente do sexo feminino, 85 anos, admitida por quadro de dor abdominal, astenia e anorexia, associada a icterícia, colúria e prurido. A destacar antecedentes de GIST do septo reto-vaginal em 2002. A tomografia axial computorizada mostrou volumosa massa no lobo hepático esquerdo, com necrose central, condicionando compressão da via biliar ao nível da placa hilar com dilatação das vias biliares intra-hepáticas a montante, com invasão da veia porta e metastização pulmonar, peritoneal e pericárdica. Analiticamente a doente apresentava padrão de citocolestase com hiperbilirrubinemia de 26mg/dL. A doente e família recusaram biópsia hepática para caracterização histológica. Discutido em reunião de grupo multidisciplinar foi decidida a paliação endoscópica de icterícia e seguimento em Consulta de Cuidados Paliativos.

MANEJO ENDOSCÓPICO DE MIGRAÇÃO DE BANDA GÁSTRICA
Filipe Damião; Carlos Noronha Ferreira; Filipa Nogueira; Olavo Gomes; Clara Chiado; António Chiado; Luís Carrilho Ribeiro; João Coutinho; Rui Tato Marinho

Mulher de 57 anos com obesidade de classe III (IMC 41,7 kg/m2 ) colocou banda gástrica em 2009. Atingiu peso mínimo de 89 kg (IMC 32,3 kg/m2 ). No entanto, em 2017 foi referenciada à nossa equipa por aumento de peso, queixas de desconforto abdominal e infeção da porta subcutânea. A endoscopia digestiva alta (EDA) identificou orifício de fístula no esófago terminal e banda gástrica parcialmente migrada para dentro do lúmen gástrico junto ao cárdia. Foi submetida a remoção cirúrgica da porta subcutânea e remoção endoscópica da banda gástrica migrada (vídeo). Durante o procedimento endoscópico, foi utilizado um fio guia metálico que foi colocado entre a braçadeira da banda que estava intraluminal e a parede gástrica. O fio foi externamente acoplado a um mecanismo semelhante ao de litotrícia mecânica de cálculos biliares. Após secção da braçadeira a banda gástrica foi removida em bloco com a utilização de ansa de polipectomia. O trajeto fistuloso estudado em trânsito baritado revelou apenas extensão infracentimétrica, pelo que foi manejado conservadoramente com antibioterapia. Teve alta após cinco dias de internamento. Encontra-se em seguimento em consulta, assintomática e sem intercorrências.