A diarreia representa 7% dos efeitos adversos medicamentosos. O doente polimedicado representa uma realidade nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), mas a iatrogenia farmacológica mantém-se subvalorizada. Um médico de família com 1900 utentes poderá ter 60-100 doentes anualmente com diarreia, mas apenas parte recorrerá à consulta. Baseado neste pressuposto, procedeu-se à revisão dos principais fármacos indutores de diarreia, sistematizando a sua abordagem diagnóstica e terapêutica nos CSP.
A migração de PEG é uma complicação grave, podendo ocorrer dentro de dias a meses após a sua colocação. A migração da sonda para o cólon por desenvolvimento de fístula gastro-cólica, constitui uma complicação rara mas descrita. Pode ocorrer por interposição de cólon no momento da realização da PEG, ou por migração posterior, como resultado da tração exercida na sonda. A clínica de diarreia refratária, coincidindo temporalmente com a administração de líquidos pela sonda, a semelhança das fezes com a alimentação administrada e o aparecimento de conteúdo fecal na sonda deverão levantar a suspeita desta complicação.
A doença celíaca é uma causa clássica de diarreia crónica; o diagnóstico pós-cirúrgico é raro e parece estar relacionado com o esvaziamento gástrico acelerado. Descrevemos este caso pela forma atípica de apresentação e interesse formativo. Apresentamos iconografia ilustrativa (imagens endoscópicas, radiológicas e histológicas).
Estão descritos alguns casos de enteropatia “sprue-like" causada pelo olmesartan, um anti-hipertensor de uso comum, pelo que esta hipótese diagnóstica deve ser aventada. Não obstante, são raros os casos em que se verificou simultaneamente enteropatia, gastrite linfocítica e colite microscópica, com evidência de melhoria histológica após suspensão do fármaco.