Mulher de 64 anos, transplantada renal um mês antes, por doença renal secundária a amiloidose de etiologia não esclarecida, é internada por quadro de dor, distensão abdominal e diarreia aquosa intermitente. Apresentava-se hemodinamicamente estável, apirética e com defesa à palpação abdominal. Analiticamente, sem elevação dos parâmetros inflamatórios, LDH 400U/L, GGT 200U/L, FA 245U/L e níveis tóxicos de tacrolimus (20,4ng/ml). Angio-TC abdominal: distensão não obstrutiva do íleon terminal e cólon até ao esplénico, artéria mesentérica permeável. Toxina de Clostridium difficile positiva, com melhoria parcial e transitória após terapêutica dirigida.
A infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) nos transplantados renais predispõe para a falência do enxerto e progressão de doença renal, aumentando a mortalidade. Aqui o tratamento do VHC confere maior desafio, pela imunossupressão e taxa de filtração glomerular (TFG) oscilante. Os anti-virais de ação direta (AAD) tem eficácia e segurança bem definidas, mas dados na transplantação renal são escassos. O objetivo é demonstrar a eficácia e segurança dos AAD nos doentes com VHC e transplante renal.