Objectivos: Descrever a apresentação clínica e complicações relacionadas com hipertensão portal (HTP) em doentes com TVP não associada à cirrose com e sem DMP associada.Métodos: Análise retrospectiva observacional de 13 doentes contínuos com TVP não associado à cirrose entre 2008 e 2021. Efectuada análise estatística descriptiva e utilizado Chi quadrado para comparar variáveis categóricas e teste t de student ou Mann Whitney para comparar variáveis contínuas conforme aplicável. O valor p < 0,05 foi considerado significativo.Resultados: A idade média era de 62±13,1 anos e 8(62%) eram mulheres. A apresentação clínica foi de dor abdominal 5(38%), rotura de varizes 2(15%), ascite 2(15%) e pancitopenia por hiperesplenismo em 1(7%).Na altura do diagnóstico 11(85%) apresentavam aspectos de cronicidade e 2(15%) eram tromboses agudas. Extensão de TVP: Tronco com/sem ramos da veia porta 10(77%), veia mesentérica superior 4(30%) e veia esplénica 3(23%). O estudo etiológico realizado em todos os doentes documentou DMP em 4(30%) doentes.Foi realizada terapêutica anticoagulante em 12(92%) doentes: varfarina em 9(69%) e heparina de baixo peso molecular(HBPM) em 3(23%) com duração mediana de 28 (5–48) meses.Após uma mediana de seguimento de 12,7 (6–14) anos 12 (92%) doentes continuam vivos. Uma doente faleceu no contexto de infecção SARS-COV-2. Verificou-se hemorragia em 1(7%) doente durante o seguimento e 2(15%) tiveram novo evento trombótico.Os doentes com TVP e DMP tiveram significativamente maior incidência de dor abdominal (3 (75%) versus 1 (11%) na altura do diagnóstico. Não se verificaram diferenças em relação a taxa de terapêutica anticoagulante e necessidade de diuréticos.Conclusão: Na TVP não associada à cirrose, os doentes com doença mieloproliferativa subjacente associam-se a maior incidência de dor abdominal comparado com doentes sem doença mieloproliferativa.