Ao exame físico, na urgência, destacava-se palidez mucocutânea, com estabilidade hemodinâmica mantida. Analiticamente apenas a realçar queda de 1g/dL de hemoglobina face ao basal (9.59 g/dL) e disfunção renal já conhecida.Foi realizada endoscopia digestiva alta que mostrou bulbo deformado, cicatricial com áreas polipóides, algumas de aspecto viloso, a que se sucede, no vértice duodenal/D2 proximal, lesão procidente ulcerada, friável. A histologia/imunohistoquímica foi compatível com carcinoma de células claras.Dada a história pregressa do doente, assumiu tratar-se de recidiva de carcinoma renal de células claras, 7 anos após cirurgia do tumor primário. O estadiamento realizado mostrou tratar-se de metástase única. Apesar das múltiplas comorbilidades que condicionavam a estratégia cirúrgica, tratando-se de lesão única, aparentemente no bordo antimesentérico de D2, foi realizada metastasectomia. Intraoperatoriamente verificou-se, contudo, presença de lesão mais extensa, nomeadamente a nível da cabeça pancreática, impedindo excisão completa.Iniciou terapêutica com pazopanib, atualmente no 5º ciclo, com doença controlada.Os carcinomas de células renais apresentam elevado potencial de metastização, inclusive vários anos ap s a cirurgia primária. O trato gastrointestinal é atingido apenas em cerca de 4% dos casos, sendo o duodeno uma localização rara, com poucos casos descritos na literatura. A apresentação passa habitualmente por um quadro de hemorragia digestiva alta ou de obstrução. O tratamento deve ser adaptado à condição do doente, podendo passar por uma metastasectomia completa, quando possível.