À admissão hemodinamicamente estável, mucosas descoradas, abdómen depressível e indolor; toque retal com melenas e hemoglobina 6.7g/dL (basal: 10g/dL). Após suporte transfusional, realizada endoscopia digestiva alta, sem sangue ou lesões da mucosa, seguida de colonoscopia, destacando-se diverticulose, mucosa do ascendente proximal/cego discretamente edemaciada com pequenos coágulos frescos, sem lesões subjacentes; ileoscopia não conseguida por fixação.Em internamento, ingeriu cápsula de patência que não expeliu; radiografia abdominal às 48h com imagem radio-opaca na região pélvica que motivou tomografia computorizada subsequente para esclarecimento. Nesta, observada lesão infiltrativa envolvendo as últimas ansas ileais, com áreas de hipocaptação necrótica e ligeiro componente estenótico aderente ao fundo de saco cecal com algum líquido coletado abaixo da válvula ileocecal, não se excluindo pequena perfuração, coberta; adenopatias locais; mioma calcificado.Após discussão em Reunião Multidisciplinar, doente submetida a laparotomia, onde se constatou massa tumoral com aparente origem no ileon terminal e extensão à válvula ileocecal, apêndice e cego, depósito secundário no mesocólon transverso, adenopatias locorregionais e ovário esquerdo aumentado de volume, pétreo. Submetida a hemicolectomia direita alargada ao ileon com anastomose laterolateral e anexectomia esquerda. Histologia da peça operatória revelou linfoma não Hodgkin de grandes células B de alto grau e fibroma ovárico. Biopsia óssea sem envolvimento por doença linfoproliferativa e TC tórax sem lesões.Encaminhada para Hematologia, iniciou quimioterapia R-mini-CHOP. Por neutropenia febril com múltiplas intercorrências infeciosas, considerando idade e comorbilidades da doente, optou-se por suspender tratamento com orientação para Unidade de Cuidados Paliativos.Este caso ilustra os desafios inerentes à marcha diagnóstica de uma hemorragia digestiva média e a sua imprevisibilidade no desfecho e diagnóstico diferencial.