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A videocápsula endoscópica (VCE) constitui uma ferramenta diagnóstica particularmente útil na avaliação do intestino delgado. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da VCE na abordagem terapêutica de doentes com doença de Crohn (DC).

Métodos: Estudo retrospetivo e unicêntrico que incluiu todos os doentes que realizaram VCE entre maio de 2011 e dezembro de 2021 por DC suspeita ou diagnosticada.Resultados: Foram incluídos 1000 doentes, a maioria do sexo feminino (61,9%), com idade mediana de 39 anos (IQR 29-50). 495 (49.5%) indivíduos realizaram VCE por suspeita de DC, o que permitiu a confirmação do diagnóstico em 163 (32.9%) casos. A maioria destes doentes iniciou tratamento dirigido após o procedimento (33.1% imunomoduladores, 27.0% corticoterapia, 5.5% biológicos). Em relação aos doentes com DC estabelecida (n=505), a maioria foi diagnosticado entre os 17 e 40 anos (68.3%), apresentava envolvimento ileal (62,6%) e fenótipo não estenosante, não penetrante (69.1%). O tempo mediano entre o diagnóstico e a realização de VCE foi de 5 anos (IQR 1-10). Foi identificada doença ativa no duodeno em 31 (6.1%) casos, no jejuno em 127 (25.1%) casos e no íleo em 324 (64.2%) casos. A VCE determinou alterações no tratamento em 47.1% dos doentes com DC estabelecida. 9.3% dos indivíduos iniciou corticoterapia, 11.1% imunomoduladores e 14.1% biológicos. A percentagem de doentes sob tratamento com ácido 5-aminosalicílico diminuiu significativamente (42.8% vs. 28.7%, p<0.001). O score de Lewis apresentou boa capacidade em identificar os indivíduos com maior probabilidade de mudança de tratamento (AUROC 0.719, IC 95% 0.655-0.782, p<0.001). Um cutoff do score de Lewis >145 teve uma sensibilidade de 77.0% e especificidade de 60.2% para predizer alterações no tratamento.Conclusões: A VCE tem um grande impacto na orientação terapêutica da doença de Crohn pelo que a sua realização deve ser considerada precocemente no seguimento destes doentes.

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