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O acesso endoscópico à papila major na abordagem de patologia pancreatobiliar é desafiante em doentes com bypass gástrico em Y-de-Roux (RYGB). A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) transgástrica guiada por ecoendoscopia (EDGE), consiste na criação de uma fistula temporária entre o remanescente gástrico e o estômago excluído, através da colocação de uma prótese de aposição luminal (LAMS), sob controlo ecoendoscópico.

Doente do sexo feminino, 59 anos, com antecedente pessoal de RYGB por obesidade grau III. Submetida a colecistectomia laparoscópica por colecistite aguda litiásica. Um mês após a cirurgia realizou colangiorressonância magnética, com evidência de coledocolitíase residual. Após discussão multidisciplinar foi proposta a realização de EDGE.O procedimento decorreu em duas fases, ambas sob sedação profunda, entubação orotraqueal e controlo fluoroscópico. Na primeira fase, utilizando um ecoendoscópio linear, foi localizado o ponto de maior proximidade entre o remanescente gástrico e o estômago excluído. Realizada punção transmural com agulha de aspiração, com posterior remoção de estilete e injeção de 300mL de contraste hidrossolúvel no estômago excluído. Procedeu-se à criação de fístula utilizando LAMS de 10x15mm (HotAxiosTm, Boston Scientific®): realizada libertação da falange distal no estômago excluído, sob controlo fluoroscópico e ecoendoscópico, seguindo-se a libertação da falange proximal no remanescente gástrico, sob visualização endoscópica. Três semanas depois, permitindo maturação da fístula gastro-gástrica, realizada a segunda fase do procedimento: efetuada CPRE com duodenoscópio através da LAMS, com resolução de coledocolitíase. A doente não apresentou complicações imediatas ou tardias. Quatro semanas depois a LAMS foi removida e a fístula encerrada com clip over-the-s cope (OTSC®).Descrevemos a técnica de EDGE, um procedimento com elevado sucesso técnico (95,5-100%) e clínico (95,9-98%) e com um perfil de segurança aceitável (efeitos adversos descritos em 15,7% a 27,8% dos casos), como uma opção para realização de CPRE, quando esta é obrigatória em doentes com RYGB.

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