O estudo por tomografia computorizada (TC) abdominopélvica era fortemente sugestivo de lesão proliferativa do cólon sigmoide distal, com extensão longitudinal de 5 cm, com adenopatias loco-regionais e sem outras lesões.Perante a premente suspeita de neoplasia, sendo as biópsias endoscópicas negativas e apenas reveladoras de inflamação, decidiu-se a abordagem da lesão por ultrassonografia endoscópica baixa (EUS) ao nível da extremidade distal da estenose para tentativa de punção periférica. Por EUS, no local da estenose inultrapassável, aos 14 cm da margem anal, foi possível a identificação da lesão por visão tangencial, identificando-se espessamento hipoecogénico e heterogéneo da mucosa com extensão à camada muscular e irregularidade do seu contorno com múltiplas adenopatias loco-regionais – foi realizada punção com agulha 25G Procore e obteve-se abundante material, cuja análise citológica e caracterização imunohistoquímica foi compatível com adenocarcinoma da junção reto-sigmoideia.Perante os achados da EUS e o estadiamento sem lesões à distância (cT3N2), o doente foi submetido a quimioradioterapia neoadjuvante e posteriormente operado, confirmando-se na peça operatória o diagnóstico de adenocarcinoma (ypT3N1b). O caso clínico descrito é revelador da utilidade da EUS não só no diagnóstico como no estadiamento loco-regional das lesões do tubo digestivo. Pela sua versatilidade, destaca-se neste caso a importância na abordagem de lesões estenosantes cujo acesso por endoscopia convencional e obtenção de biópsias diagnósticas é, muitas vezes, inconclusivo.