Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu doentes que tiveram consulta de seguimento por telefone num Serviço de Gastrenterologia durante um pico da pandemia (janeiro-fevereiro de 2021). Os doentes foram contactados para responder a um inquérito de satisfação com a teleconsulta e os que concordaram foram incluídos.
Resultados: Incluíram-se 279 doentes, 48,7% do sexo masculino e com idade média de 58±17 anos. Englobaram-se 89 consultas de gastrenterologia geral, 70 de hepatologia, 93 de doença inflamatória intestinal e 27 de patologia biliopancreática. A satisfação global com a teleconsulta foi de 8 (IQR 8-9) numa escala de 1 a 10, não se verificando diferenças estatisticamente significativas entre diferentes áreas de consulta. A teleconsulta foi considerada uma boa experiência por 214 (76,7%) doentes e 111 (39,8%) gostariam de manter esta modalidade após a pandemia. Dos doentes com sintomas gastrointestinais, 63% referiram que a consulta resultou em melhoria sintomática. Em 18 doentes (6,5%) foi recomendada reavaliação presencial e 22 (8%) tiveram alta da consulta. A preferência para manter teleconsulta após a pandemia foi significativamente maior nos doentes mais jovens (idade média de 50,3 vs 62,3 anos, p<0,001), do sexo masculino (48% vs 32%; p=0,005) e da consulta de hepatologia (51% vs 29%, p<0,001).
Conclusão: O grau de satisfação com a teleconsulta durante a pandemia foi elevado e mais de um terço dos doentes gostaria de manter esta modalidade de consulta no período pós-COVID. A manutenção desta tipologia de consulta poderá ser considerada em doentes selecionados e de acordo com a sua preferência.