Ao exame físico apresentava-se emagrecida e com abdómen doloroso à palpação na região do epigastro. Analiticamente destacava-se amílase 306 U/L; lípase 521 U/L, hemoglobina glicada 7,9% ; estudo auto-imune negativo. Na Tomografia Computurizada abdominal era evidente marcada atrofia do parênquima pancreático, calcificações parenquimatosas e intra-ductais, ectasia do canal pancreático principal com cálculo com cerca de 9mm na sua porção terminal com dilatação marcada a montante. Vesícula biliar sem sinais de litíase. Perante esta tríade clínica ( dor abdominal+ esteatorreia+ diabetes) e a naturalidade Indiana colocou-se como hipótese de diagnóstico Pancreatite Crónica Tropical, um tipo de Pancreatite Crónica Calcifiante Não Alcoólica . A doente foi submetida a Pancreatoscopia, tendo realizado esfincterotomia pancreática, litotricia electrohidraulica com remoção dos fragmentos e, colocada prótese pancreática. Após terapêutica houve melhoria marcada da sintomatologia. Teve alta medicada com inibidor da bomba de protões e suplementação com enzimas pancreáticas. Mantem seguimento periódico em consulta externa.
Conclusão: A Pancreatite Crónica Tropical é uma entidade quase exclusiva dos climas tropicas nos países em desenvolvimento. A etiologia não é conhecida, mas mutações genéticas como a mutação do gene SPINK1 e fatores ambientais são causas prováveis. Dado os padrões de imigração e emigração da sociedade atual devemos estar alerta para este possível diagnóstico na prática clínica. Um diagnóstico e terapêutica precoce poderão amentar a sobrevida e melhorar o prognóstico destes doentes.