Material: Procedeu-se a uma análise retrospetiva de todos os doentes com DII submetidos a biópsia hepática entre Janeiro de 2010 e Dezembro de 2020 por alteração sustentada do perfil hepático (duração superior a 6 meses).
Sumário dos Resultados: Foram incluídos 101 doentes, dos quais 63 (62.4%) do género masculino, com idade média de 44.4 anos, tendo 62 (61.4%) diagnóstico de doença de Crohn. O intervalo temporal médio entre o início das alterações bioquímicas e a biópsia hepática foi de 21.9 meses. As terapêuticas em curso incluíam 5-ASA em 55.7%, azatioprina em 54.5% e biológicos em 46.5% (mais frequentemente infliximab). As alterações bioquímicas consistiam em elevação isolada das transamínases em 43%, colestase em 18.6% e um padrão misto em 38.4%. As etiologias mais frequentemente diagnosticadas foram doença do fígado gordo não alcoólica em 31 doentes (30.7%), hepatotoxicidade em 29 (28.7%) e hepatite auto-imune em 12 (11.9%). Adicionalmente, foram identificados 11 casos de colangite esclerosante primária, 2 casos de colangite biliar primária e 1 caso de hiperplasia nodular regenerativa, amiloidose, hemocromatose, sobreposição CBP/HAI e deficiência de alfa-1-antitripsina.
Conclusões: Verificou-se uma grande diversidade de etiologia para as alterações do perfil hepático na DII sendo que, num número significativo de casos, a histologia se revelou fundamental para um diagnóstico correto. As doenças hepatobiliares mais frequentemente encontradas foram doença do fígado gordo não alcoólica, hepatotoxicidade e hepatite auto-imune.