Métodos: Estudo prospetivo que incluiu todos os indivíduos submetidos a biópsia hepática percutânea num centro de referência terciário entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2022. Durante este período, foi implementado um protocolo de atuação clínica da vigilância pós-biópsia hepática. Os doentes tiveram alta hospitalar 2 horas após o procedimento se garantida estabilidade hemodinâmica e dor controlada, sendo posteriormente contactados e reavaliados telefonicamente.
Resultados: Incluídos 147 doentes, a maioria do sexofeminino (51.0%) com idade mediana de 53 anos (IQR 42-60). Foram realizadas 54 (36.7%) biópsias hepáticas ecoguiadas e 93 (63,2%) com marcação por ecografia, a maioria sob sedaçãoconsciente com midazolam (96.6%), tendo sido efetuadas 1-4 passagens. Trinta e um (21.1%) doentes reportaram efeitos adversos durante a vigilância hospitalar (14.3% dor abdominal, 5.4% dor no ombro direito, 1.4% cefaleias), sendo que 26 (83,9%) realizaram analgesia (paracetamol/tramadol/petidina). A maioria dos sintomas (90.3%) foi reportada na 1ª hora após o procedimento. Três (1.0%) doentes prolongaram a vigilância hospitalar para 4 horas por persistência de dor abdominal/ombro (escala visual analógica >5). Após a alta hospitalar, 2 (1.4%) doentes contactaram o Centro de Endoscopia Digestiva por dor no ombro (50%) ou náuseas (50%), melhorada após terapêutica analgésica administrada em ambulatório. Não foram registados internamentos por complicações pós-procedimento. A maioria dos indivíduos reportou satisfação (99.3%) com o acompanhamento que teve e preferência pela alta hospitalar precoce (97.7%).
Conclusões: Neste estudo foi demonstrada a segurança da alta hospitalar 2 horas após realização de biópsia hepática percutânea, com uma utilização mais eficiente das instalações e recursos humanos, assim como satisfação dos doentes.