Objetivos
Determinar a eficácia, complicações e preditores de sucesso da terapêutica endoscópica na abordagem dos sintomas e complicações da pancreatite crónica.
Métodos
Estudo multicêntrico nacional transversal de adultos com pancreatite crónica submetidos a intervenção endoscópica, isolada ou associada a terapêutica radiológica/cirúrgica, com follow-up mínimo de 6meses.
Resultados
Incluídos 23 doentes submetidos a terapêutica endoscópica, com follow-up mediano de 30meses (6-110;AIQ:31). As principais indicações para terapêutica endoscópica foram: estenose do ducto pancreático principal (23,1%), estenose do ducto biliar comum (20,5%), dor moderada-severa (20,5%), litíase pancreática (12,8%), pseudoquisto (12,8%), litíase biliar (7,7%) e rotura do ducto pancreático (2,6%). Realizados uma mediana de 2 procedimentos endoscópicos (1-6;AIQ:1) com intervalo inter-sessões mediano de 20semanas (4-56;AIQ:14). As intervenções endoscópicas realizadas foram: esfincterotomia biliar (21,7%) ou pancreática (15,2%), extração de cálculos (17,4%), colocação de próteses pancreáticas (17,4%) ou biliares (13%), dilatação endoscópica (8,7%) e cisto-gastro/duodenostomias (6,5%). A colocação de próteses pancreáticas/biliares ocorreu em 13 doentes com estenose ou litíase intra-ductal e num doente com síndrome da disrupção do ducto pancreático. O tempo mediano das próteses in situ foi 20semanas (4- 56;AIQ:20). O follow-up mediano pós-remoção de próteses foi 35meses (2-70;AIQ:33). O sucesso a longo-prazo da terapêutica endoscópica foi 95,7%. Apenas 1 doente realizou cirurgia por estenose do ducto biliar comum e dor persistentes pós-terapêutica endoscópica. Não houve diferenças significativas no sucesso da terapêutica endoscópica por indicação. Registaram-se complicações em 8,7% dos casos, nomeadamente hemorragia intra-procedimento, resolvida endoscopicamente. Mortalidade de 0%.
Conclusões
A terapêutica endoscópica demonstrou elevada taxa de eficácia e segurança na pancreatite crónica complicada, devendo ser considerada como terapêutica de 1ª linha minimamente invasiva, obviando a necessidade de cirurgia na maioria dos doentes.