Caso Clínico:
Doente do sexo masculino, 24 anos, transplantado hepático e intestinal há 21 anos por malformação arteriovenosa intra-hepática congénita e síndrome de intestino curto, após resseções intestinais devido enterocolite
ulcero-necrotizante secundária.
Entre 2002 e 2017 apresentou várias intercorrências infeciosas, nomeadamente pneumonia bacteriana, infeção por adenovírus, citomegalovirus e varicela, colite infeciosa, duas das quais com necessidade de internamento. Há 15 anos foi diagnosticado com Linfoma de Burkitt abdominal secundário a imunossupressão. Fez esquema de ciclos de quimioterapia entre 2007 e 2008, com evolução favorável, encontrando-se em remissão oncológica.
Atualmente, medicado com tacrolimus 3mg e prednisolona 5mg dia. O enxerto hepático apresenta bioquímica sem alterações e sem fibrose significativa (biópsia e elastografia hepática). O enxerto intestinal apresenta boa função, sem alterações vilositárias (biópsias e enteroscopia por cápsula) e o doente não tem necessidade de realizar nutrição artificial. O doente completou a sua formação académica e trabalha como mecânico numa fábrica.
Conclusão:
Este caso demonstra uma evolução favorável de transplante fígado-intestino de longa duração, não obstante ter apresentado algumas intercorrências graves. É possível que o enxerto hepático desempenhe um papel na prevenção da rejeição do aloenxerto intestinal e que a circulação entero-hepática de alo-antigénios promova a tolerância imunológica a nível hepático.