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As enteropatias seronegativas constituem um desafio diagnóstico na investigação de síndromes malabsortivos. As causas medicamentosas são uma possível etiologia, geralmente descrita com antagonistas dos recetores da angiotensina e fármacos imunomoduladores.

Os autores descrevem o caso de uma mulher de 67 anos, referenciada a consulta de Gastrenterologia por diarreia aquosa e perda ponderal com 8 meses de evolução. A doente encontrava-se cronicamente medicada com bisoprolol, varfarina e lorazepam. Três meses antes do início dos sintomas iniciou pantoprazol na presunção diagnóstica de doença de refluxo gastroesofágico.

Do estudo efetuado destaca-se a ausência de alterações no hemograma, ionograma, função renal e tiroideia, perfil hepático e marcadores inflamatórios sistémicos e fecais. O exame bacteriológico e parasitológico das fezes foi negativo. A ileocolonoscopia e a endoscopia digestiva alta não revelaram alterações. Foram realizadas biópsias do duodeno e cólon.

As biópsias duodenais demonstraram atrofia vilositária e linfocitose intraepitelial. Os anticorpos anti-transglutaminase e anti-endomísio eram negativos, bem como a pesquisa de HLA-DQ2/HLA-DQ8.

Após suspensão de pantoprazol verificou-se a resolução de diarreia e recuperação ponderal. Foram realizadas novas biópsias duodenais, que demonstraram a normalização dos achados histopatológicos.

Este caso demonstra uma associação clínica entre a terapêutica com pantoprazol e o desenvolvimento de enteropatia seronegativa. A associação de causalidade foi estabelecida pela rápida melhoria clínica e normalização dos achados histológicos com a suspensão do fármaco.

O caso destaca o papel da iatrogenia medicamentosa no diagnóstico diferencial de síndromes malabsortivos. Apesar da diarreia consistir um efeito lateral da terapêutica com inibidores da bomba de protões, a sua relação a casos de enteropatia com atrofia e linfocitose não se encontra descrita na literatura.

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