A impactação crónica de corpos estranhos é uma condição rara. Neste caso, devido à ausência de história de ingestão de corpo estranho, à ausência de sintomas específicos e da suspeita de leiomioma na ecoendoscopia inicial, o diagnóstico foi atrasado. A decisão de realizar biópsias foi motivada pela presença de ulceração superficial, o que permitiu encontrar inesperadamente e remover na totalidade o osso.
A fístula aorto-esofágica (FAE) é uma causa rara de hemorragia digestiva alta, sendo considerada uma emergência médica com alta taxa de mortalidade, quando não tratada. As FAE podem ser classificadas em primárias ou secundárias (caso haja história pregressa de cirurgia vascular aórtica). Neste sentido, as FAE primárias (menos prevalentes) necessitam de um alto grau de suspeição para o seu diagnóstico e consequentemente atitude terapêutica.
O SBB e a fistulização associada à formação de fitobezoares, complicações raras e tardias das PEG-J, podem prejudicar a manutenção do dispositivo e a realização de terapêutica nestes doentes.
A doença celíaca é uma enteropatia autoimune que surge em indivíduos geneticamente suscetíveis, podendo estar associada a outras patologias autoimunes em até 15% dos casos. Relata-se este caso pela associação pouco frequente com patologia hepática, tiroideia e doença inflamatória intestinal no mesmo doente, destacando-se a importância de uma avaliação multissistémica na doença celíaca.
A tuberculose esofágica é responsável por apenas 1 a 3% dos casos de tuberculose gastrointestinal, sendo o órgão menos atingido do trato digestivo. Pode ser primária ou secundaria, sendo ambas pouco frequentes em indivíduos jovens e imunocompetentes. Relata-se este caso pela raridade, iconografia recolhida e desafio diagnóstico, destacando a importância da abordagem endoscópica e sistémica no diagnóstico diferencial de disfagia.
A Actinomicose intra-abdominal (AIA) é uma doença granulomatosa crónica rara, causada pela bactéria oportunista filamentosa gram-positiva anaeróbia Actinomyces spp. A sua localização mais comum é ileocecal, mimetizando a neoplasia colo-retal, implicando frequentemente a cirurgia para diagnóstico.
A metastização gástrica de carcinoma da mama é um evento raro, sendo mais frequente nos primeiros anos após o diagnóstico. A distinção entre neoplasia primária gástrica e metastização da mama pode ser difícil, sendo de fundamental importância a conjugação dos achados clínicos, endoscópicos, histológicos e imuno-histoquímicos.
A transplantação reno-pancreática combinada é a abordagem cirúrgica de primeira linha na Diabetes tipo 1 complicada de doença renal crónica terminal. O pâncreas e o arco duodenal do dador são anastomosados ao íleon terminal, de modo a manter a derivação exócrina entérica. Em Portugal, o primeiro transplante combinado foi realizado em 1993 e a maior série tem 150 doentes, com uma taxa de 79% de enxertos pancreáticos funcionantes ao fim de 9 anos.
Com este caso, gostaríamos de salientar a resolução de uma fístula gastro-cólica pós-cirúrgica de longa evolução, com consequente síndrome de má absorção, desnutrição proteico-calórica grave e risco cirúrgico elevado, mediante nutrição entérica total temporária por sonda naso-jejunal.
Apesar da maioria dos casos de ascaridíase ser assintomática, a migração dos helmintas pode causar reações tecidulares hepáticas, pancreáticas e peritoneais com infiltração eosinofílica e formação de granulomas, que frequentemente mimetizam outras doenças granulomatosas como a tuberculose.