A ingestão de corpos estranhos e complicações associadas são um desafio diagnóstico e terapêutico. A perfuração gástrica e pancreática por ingestão de corpos estranhos é uma complicação rara e potencialmente grave. Em casos selecionados a abordagem endoscópica, poderá apresentar-se como uma opção menos invasiva e com menor morbilidade associada. Descrevemos um caso de remoção endoscópica de sucesso sem qualquer complicação associada.
No pós-transplante hepático é relativamente frequente a ocorrência de casos semelhantes em que a remoção do tubo em T por via percutânea não é possível, provavelmente devido a processos de fibrose e cicatrização. Estes doentes são classicamente tratados cirurgicamente. A remoção endoscópica por CPRE é uma abordagem minimamente invasiva, que permite evitar uma laparotomia e que não está descrita na literatura. É ainda relevante a aplicação da técnica de rendez-vous que facilita e simplifica a canulação biliar selectiva particularmente neste subgrupo de doentes (transplantados) em que é tipicamente mais laboriosa. Este procedimento permite num só tempo, não apenas a remoção segura e eficaz do tubo em T, mas ainda a terapêutica endoscópica de eventuais complicações biliares pós-transplante.
A maioria dos corpos estranhos ingeridos passam pelo tracto gastrointestinal sem qualquer complicação. No entanto, em 20% dos casos, há necessidade de intervenção endoscópica. Na maioria dos casos, são assintomáticos, podendo ocorrer sintomas inespecíficos, como dor abdominal e em casos mais graves, perfuração e hemorragia. A incidência de perfuração é inferior a 1%, acontecendo com maior frequência com objectos longos e pontiagudos como ossos de galinha, espinhas de peixe, palitos dentários ou agulhas. Actualmente, com o desenvolvimento das técnicas endoscopias, inúmeros casos de corpos estranhos ingeridos têm sido removidos com sucesso por endoscopia.
A colocação de banda gástrica por via laparoscópica foi um procedimento bariátrico comum, principalmente pela sua simplicidade e reversibilidade. Uma das complicações tardias é a migração da banda, que ocorre em 0.6-11% dos doentes nos primeiros 2 anos de pós-operatório.