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Desde março de 2020 que vivemos uma pandemia provocada pela COVID-19, com elevado impacto social, económico e marcada repercussão nos sistemas de saúde que levou à interrupção parcial ou total dos programas de rastreio oncológico. O cancro colorretal (CCR) é uma das neoplasias mais frequentes e a OMS prevê que os atrasos no diagnóstico e tratamento levem a um aumento de 15% nas mortes por este cancro. Constatou-se que em janeiro de 2021 numa Unidade de Saúde Familiar (USF) a proporção de utentes entre os 50 e os 74 anos com rastreio do CCR era de 46,88%.

O objetivo deste trabalho foi analisar a proporção de utentes com realização do rastreio CCR durante a pandemia COVID-19 antes e após medida corretora.

Material: Após confirmação da ausência de critérios de exclusão, o Médico de Família emite a credencial para a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Esta é enviada via CTT, anexada a uma carta personalizada e endereçada especificamente a cada utente e que veicula informação sobre a importância e os objetivos do rastreio, o significado dos possíveis resultados e o contacto do seu Enfermeiro de Família. Adicionalmente foram publicados artigos de sensibilização para o rastreio no jornal da USF.

Sumário dos Resultados: Em janeiro de 2021 a proporção de utentes com rastreio realizado na USF era de 46,88%.Em fevereiro de 2021 iniciou-se o envio das cartas. Em dezembro de 2022 a proporção de utentes rastreados na USF era de 63.91%. Através de uma análise de regressão linear segmentada encontramos uma diferença estatisticamentesignificativa entre o declive dos segmentos antes e após início da intervenção (Teste unilateral Davies, k=12, p=0.019).

Conclusões: Com esta intervenção a USF aumentou significativamente a proporção de utentes rastreados, e conseguiu evoluir em contramaré face ao panorama nacional/regional relativamente ao rastreio do CCR.