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Os Gastrenterologistas são confrontados com um número cada vez maior de doentes a quem foi diagnosticado um TNE pancreático
sexta-feira, 09 junho 2023 10:56

Os Gastrenterologistas são confrontados com um número cada vez maior de doentes a quem foi diagnosticado um TNE pancreático

A mesa onde Alexandra Fernandes deu o seu contributo enquanto moderadora na Semana Digestiva intitula-se de “Tumores Neuroendócrinos do Pâncreas – O que o Gastrenterologista deve saber”, sendo esta delineada pelo Clube Português do Pâncreas (CPP), a secção especializada da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, que se dedica à patologia pancreática.

“Tendo em conta a relevância crescente dos Tumores Neuroendócrinos (TNE) do pâncreas na nossa prática clínica, entendemos que seria útil para todos os gastrenterologistas fazer uma atualização relativamente à melhor forma de diagnosticar, estadiar, vigiar e tratar os doentes com esta patologia. É, necessariamente, uma entidade que carece de uma abordagem multidisciplinar e, por isso, a mesa contou com a presença de elementos da Gastrenterologia, Oncologia e Cirurgia”, apontou Alexandra Fernandes.

Além disso, a integrante da Comissão Organizadora e Científica da Semana Digestiva realçou os dados epidemiológicos atuais, onde se verifica um aumento significativo do número de casos de TNE do pâncreas, que pode chegar a valores seis vezes superiores nas últimas três décadas, existindo uma forte relação com a melhoria e uso generalizado dos métodos imagiológicos. “Em linha com esta realidade, os gastrenterologistas são confrontados com um número cada vez maior de doentes a quem foi diagnosticado um TNE pancreático, ou que apresentam um nódulo pancreático suspeito deste diagnóstico, e que carecem de uma investigação etiológica e de uma orientação terapêutica individualizada a cada caso”, acrescentou a especialista.

No entanto, Alexandra Fernandes considera que a Gastrenterologia, particularmente no âmbito endoscópico, tem apresentado avanços tecnológicos notáveis na sua área de intervenção e que já se tem traduzido na realização de um número cada vez maior de intervenções. “No que diz respeito à área dos TNE do pâncreas, prevê-se que a terapêutica ablativa guiada por ecoendoscopia venha a assumir um papel cada vez mais relevante nas opções terapêuticas a oferecer a estes doentes, com dispositivos e tecnologias cada vez mais refinadas e eficazes”.

Independentemente do panorama dos avanços de cariz científico, a gastrenterologista reforçou o que considera ser a base da profissão de médico: ser a fonte de esperança para os seus doentes, exigindo um sentido de atualização e melhoria constantes, independentemente dos momentos de frustração e dúvida. Com esta meta presente em mente, foi na Gastrenterologia que encontrou uma opção equilibrada e abrangente, mas fundada num desafio técnico que envolve múltiplas áreas de subespecialização.

Pegando na questão da abrangência, a convidada aproveitou para recordar a ligação entre a Medicina e a prática de exercício físico, partindo da partilha sobre as suas paixões secundárias, o desporto e a música, nomeadamente o piano. “Honestamente, penso que o desporto e a Medicina são parceiros e teríamos mais saúde na nossa comunidade se a prática desportiva fosse mais valorizada e instituída desde a infância”.

Embalada pelo som do piano e com a energia do desporto, Alexandra Fernandes rumou ao Convento de São Francisco, em Coimbra, afirmando a relevância deste encontro para a atualização científica e interação com colegas de outras especialidades, que se dedicam também à patologia digestiva. “A Semana Digestiva é a reunião magna da Gastrenterologia. Constitui uma oportunidade única para os internos de formação especializada em Gastrenterologia apresentarem os seus trabalhos de investigação e verem reconhecido o seu esforço. É ainda um momento de partilha, convívio e reencontro de amigos, tão necessário nos momentos difíceis que vivemos, enquanto profissionais de saúde”.