Ricardo Cardoso é um dos integrantes da comissão organizadora e científica da Semana Digestiva de 2023, destacando-se ainda com o papel de moderador e palestrante nas atividades desenvolvidas ao longo dos quatro dias previstos no Convento de São Francisco, em Coimbra.
Partindo do primeiro dia do congresso, Ricardo Cardoso será um dos oradores do Curso Pós-Graduado “Gastrenterologia na Urgência”, na “Sessão 1: Tubo Digestivo”, onde irá abordar o tema “Hemorragia digestiva alta não varicosa”. “Falaremos de uma forma muito prática da hemorragia digestiva alta e baixa, dos sinais de alarme e diagnóstico diferencial da doença inflamatória intestinal, no contexto de urgência e da ingestão de corpos estranhos e cáusticos com especial foco na idade pediátrica”, começou por revelar o especialista.
Relativamente à pertinência da temática, o profissional de saúde destacou que serão abordadas as situações clínicas com que os gastrenterologistas que fazem urgência são mais frequentemente confrontados. “A pertinência não se limita à sua frequência, mas também à complexidade dos cenários clínicos e às decisões que têm de ser tomadas. Não tratamos ‘uma úlcera gástrica’, mas sim um doente com determinadas comorbidades e estado fisiológico atual que recorre ao nosso hospital e que no contexto de todas as idiossincrasias vamos tratar, o que passa também, mas não exclusivamente, pela úlcera gástrica que tem a sangrar”.
Sobre o estado de arte associado à problemática que irá abordar, Ricardo Cardoso afirmou que a evidência já está relativamente sistematizada. “Sabemos o que deve ser feito em cada fase, temos dispositivos e procedimentos disponíveis para resolver a maior parte das questões. O desafio atual é integrar todo o ciclo de cuidados, que vai para além da endoscopia, num cenário de prestação de cuidados cada vez mais fragmentado”.
Já ponderando sobre o futuro da abordagem da hemorragia digestiva alta, à semelhança do que acontece noutras áreas, apontou para a evolução no âmbito da tecnologia. “É inevitável o aparecimento de inovações tecnológicas que passarão por novos dispositivos, fármacos e aplicações múltiplas de inteligência artificial. No entanto, no contexto de emergência climática e incerteza de recursos, o que terá mais impacto serão inovações ao nível dos processos, sobretudo na área da endoscopia digestiva. Queremos uma endoscopia mais sustentável, de maior qualidade e valor”.
Para finalizar, refletindo na pertinência da Semana Digestiva, esboçou uma perspetiva positiva e com a partilha de conhecimentos como ponto central. “É na Semana Digestiva que a Gastrenterologia se reúne anualmente, frequentemente com especialistas de outras áreas como a Medicina Interna, Imagiologia e Cirurgia, para falar de tudo o que envolve o ciclo de cuidados das doenças do tubo digestivo, fígado, pâncreas e vias biliares. Após vários anos voltamos ao Centro de Portugal, com a Saúde Digestiva no centro”.
Além disso, indicou que na manhã de sexta-feira terá lugar uma sessão internacional muito especial, organizada em conjunto pela SPED e pela ESGE, que contará com a participação de peritos europeus que irão partilhar a sua experiência na endoscopia bariátrica, resolução de complicações de cirurgia bariátrica e na abordagem de doentes com lesões subepiteliais do tubo digestivo. A mesa será copresidida por Fabiana Benjaminov de Israel, que abordará um tema muito importante: a promoção da diversidade e equidade na endoscopia digestiva.