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Novas guidelines da EASL “simplificam e clarificam as melhores estratégias” no tratamento da hepatite C
sexta-feira, 20 novembro 2020 16:26

Novas guidelines da EASL “simplificam e clarificam as melhores estratégias” no tratamento da hepatite C

Gastrenterologista no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria e vice-presidente da United European Gastroenterology (UEG), a Prof.ª Doutora Helena Cortez-Pinto marcou presença na Semana Digestiva 2020 (SD2020) com a moderação da conferência sobre as mais recentes guidelines da European Association for the Study of the Liver (EASL) quanto ao tratamento da hepatite C, apresentadas pelo Prof. Doutor Jean-Michel Pawlotsky, diretor do National Reference Center for Viral Hepatitis B, C and Delta e do Department of Virology do Hôpital Henri-Mondor, França. 

Em entrevista à News Farma, a especialista referiu alguns dos pontos a salientar, bem como a sua importância a nível clínico e social. Assista ao vídeo.

Ainda que as novas guidelines da EASL não ofereçam “grandes novidades do ponto de vista do tratamento, porque já está relativamente bem estabilizado desde há alguns anos com os antivíricos de ação direta”, a Prof.ª Doutora Helena Cortez-Pinto salienta que “simplificam e clarificam quais as melhores estratégias” no que toca a terapêutica da hepatite C.

Além disso, continua a especialista, existe também uma clarificação em relação à forma de estabelecer o diagnóstico: “Passou a ser menos importante a definição de qual é o genótipo que o doente tem, uma vez que quase todas as terapêuticas que usamos são pangenotípicas”, o que faz com que o doente possa ser tratado de imediato, mediante a confirmação de que existe uma viremia positiva.   

“Quando surgiram os antivíricos de ação direta, logo de imediato foi levantada a questão que a sua utilização podia levar a um aumento da recidiva dos carcinomas hepatocelulares ou até dos carcinomas hepatocelulares de novo, e nestes guidelines é claramente dito que isso não acontece e que o uso destes antivíricos de ação direta só beneficia no sentido de diminuir o risco de aparecimento de carcinoma hepatocelular de novo ou de recidiva”, ainda que um doente com fibrose avançada o possa desenvolver.

As guidelines proporcionam ainda uma abertura “para que, em algumas circunstâncias, seja dispensável fazer a análise de controlo da cura”. É o caso de países onde “o contacto com o doente acaba por ser um único contacto”.

Esta 73.ª edição dá ainda destaque a “populações que anteriormente eram deixadas um pouco em aberto, que até há alguns anos não tratávamos, mas que passou a considerar-se ser urgente o seu tratamento”, como é o caso dos homens que fazem sexo com homens, as pessoas que usam drogas endovenosas e os trabalhadores do sexo.

“No caso das pessoas que usam drogas, mesmo que estejam a consumir ativamente ou estejam em programas de metadona, devem ser tratados com urgência, não só no seu benefício, mas também num ponto de vista de saúde pública, para evitar a transmissão em grupos”, salienta a especialista.

Para a Prof.ª Doutora Helena Cortez-Pinto, a grande vantagem do documento passa pela sua simplificação: “O facto de estarem escritas como guidelines faz com que seja mais fácil pressionar entidades governamentais para simplificar as regras” no que toca os elementos necessários para o início da terapêutica, quer na Europa, quer em locais do mundo onde o tratamento é mais difícil de chegar.

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