Caso clínico
Homem de 71 anos de idade com colite ulcerosa esquerda com 7 anos de evolução, em remissão sob messalazina oral. Após toma de AINEs por lombalgia, iniciou quadro compatível com agudização severa da DII e piodermite, com necessidade de internamento. Dada ausência de resposta a corticoterapia, foi proposto para terapêutica biológica, tendo o estudo pré-imunossupressão revelado tuberculose latente. Iniciou isoniazida e, posteriormente, Vedolizumab, atingindo remissão clínica. 3 meses após o início da terapêutica, desenvolve uma massa escrotal de grandes dimensões, sendo diagnosticado com linfoma primário do testículo (linfoma difuso de grandes células B). O estadiamento revelou disseminação extraganglionar, incluindo fígado e pleura. Suspendeu imunossupressão com Vedolizumab, foi submetido a orquidectomia unilateral e quimioterapia sistémica, tendo sido conseguida remissão completa. 6 meses após a suspensão do Vedolizumab, mantém ausência de atividade clínica e endoscópica associada à colite ulcerosa.DiscussãoO linfoma difuso de grandes células B é o tipo mais comum de linfoma não Hodgkin, representando cerca de 30% dos casos, embora o linfoma primário do testículo seja um tipo raro de linfoma extraganglionar. Apesar de não estarem descritos casos de linfoma testicular após indução terapêutica com Vedolizumab, é possível que o início da terapêutica imunossupressora tenha contribuído para o aparecimento da neoplasia ou potenciado o seu crescimento acelerado, de forma similar ao descrito para a terapêutica com anti-TNF.Os autores descrevem este caso dada a sua raridade, não estando descritos casos semelhantes na literatura.