Linkedin

Doente do sexo feminino de 54 anos recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por dor no quadrante inferior direito do abdómen com um mês de evolução, associada a febre nos dois dias precedentes. Sem outros sintomas. Três anos antes, a doente tinha sido diagnosticada com Polipose Adenomatosa Familiar e submetida a proctocolectomia total profilática, com construção de bolsa ileal, sem complicações perioperatórias.

No SU, avaliação abdominal sem massas palpáveis ou sinais de irritação peritoneal. Analiticamente, apresentava PCR de 7,8mg/dL. Realizou TC abdomino-pélvica, onde se observou coleção pélvica irregular, com bolhas de ar no seu interior, de parede espessada e captante de contraste, com aparente comunicação com a parede anterior da bolsa ileal, associada a adenopatias e densificação da gordura mesentérica. Na avaliação endoscópica, observava-se apenas abaulamento da parede da bolsa ileal. Estes achados eram sugestivos de abcesso pélvico e a doente iniciou piperacilina/tazobactam empiricamente, verificando-se melhoria clínica. Dois meses depois, houve recidiva sintomática. Em TC, observou-se persistência da coleção pélvica previamente descrita, em comunicação com o lúmen intestinal, associada a tumor infiltrativo de tecidos moles no mesentério, no local de ileostomia prévia. Endoscopicamente, no topo encerrado da bolsa ileal, observavam-se dois orifícios fistulosos que comunicavam com lesão ulcerada e friável. Realizou-se biópsia guiada por ecografia, obtendo-se amostra constituída por fascículos de células fusiformes alongadas, de citoplasma pálido, inseridas num estroma colagenoso, sem atipia citológica. Imunohistoquímica mostrou marcação nuclear para beta-catenina. Estes achados eram sugestivos de tumor desmóide. O caso foi discutido em reunião multidisciplinar e decidiu-se realizar ileostomia e iniciar tratamento sistémico com tamoxifeno. Este caso ilustra a importância de uma abordagem integrada dos doentes, tendo em consideração a sua história médica passada e antecedentes familiares, que podem alertar para diagnósticos alternativos.

Pesquisa

Ano

Título

Autores

Termos

Tipo de Comunicação