Laboratorialmente, tinha elevação de parâmetros inflamatórios (leucocitose de 20700/mL, com 87% de neutrófilos, e proteína C reativa de 10,8 mg/dL).Foi realizada tomografia computorizada (TC) torácica que revelou presença de corpo estranho impactado no esófago torácico distal, com focos de pneumomediastino, lâmina de pneumotórax e derrame pleural à direita.Foi realizada endoscopia digestiva alta (EDA) com remoção da espinha com pinça de corpos estranhos, sem dificuldade. A mucosa subjacente apresentava uma laceração profunda, sem se ter observado nenhum orifício de perfuração. Pelos achados da TC, foi encerrada a laceração com 3 clips metálicos. Foi colocada sonda nasogástrica em drenagem e iniciada antibioterapia de largo espetro.Por manutenção de elevação de parâmetros inflamatórios foi realizada nova TC que revelou aumento volumétrico do derrame pleural, com loculação e conteúdo gasoso. Como tal, foi realizada drenagem do derrame pleural.Foi decidida nova EDA onde foi observado orifício no local prévio de impacto. Decidido encerramento com over-the-scope clip (OTSC). Contudo, durante a passagem no esfíncter esofágico superior, verificou-se laceração profunda a este nível, pelo que se que abortou a tentativa e se colocou sonda nasojejunal com manutenção do lúmen gástrico em drenagem.Na ausência de melhoria clínica ou laboratorial, foi decidido o encerramento da perfuração, desta vez utilizando um miniOTSC, com sucesso técnico.Nos dias seguintes verificou-se franca melhoria clínica e laboratorial, tendo a doente já tido alta.Apresenta-se este caso pela raridade da complicação de um corpo estranho esofágico sob a forma de pneumotórax e empiema, pelo desafio técnico, pela complicação rara de um dispositivo de uso corrente (OTSC) e pela documentação iconográfica.