Métodos:Estudo retrospetivo que incluiu todas as grávidas com DII acompanhadas num centro de referência terciário entre janeiro de 2001 e dezembro de 2021.
Resultados: Incluídas 103 grávidas, com idade mediana de 30 anos (IQR 28-34), 64.1% com doença de Crohn (DC) e 35.9% com colite ulcerativa (CU). No momento da conceção, 37 (35.9%) doentes estavam sob terapêutica imunomoduladora e 25 (24.3%) sob biológicos. A maioria das grávidas descontinuou o tratamento com anti-TNF no final do segundo trimestre (69.2%). O aborto espontâneo ocorreu em 5 (4.9%) mulheres. A taxa de parto prematuro, baixo peso à nascença e anomalias congénitas foi de 17.5%, 9.7% e 6.8%, respetivamente. A CU esteve mais frequentemente associada a complicações durante a gravidez (CU 40.5% vs. DC 21.2% p=0.017). Na DC, o fenótipo penetrante associou-se a mais complicações na gravidez (25.0% vs 20.0%, p=0.019), durante o parto (56.3% vs 40.0%, p=0.008) e maior probabilidade de internamento do recém-nascido em unidade de cuidados intensivos neonatais (12.5% vs 2.0%, p=0.012). A remissão endoscópica antes da conceção foi um fator de proteção para eventos adversos no recém-nascido (7.7% vs. 32.1%, p=0.020). Doentes que mantiveram anti-TNF durante o terceiro trimestre apresentavam mais frequentemente parto prematuro (50.0% vs 15.9%, p=0.040) e baixo peso ao nascimento (33.1% vs. 10.2%, p=0.045).Discussão: Nesta cohortde grávidas com DII, verificamos que o diagnóstico de CU, DC com fenótipo penetrante ou doença ativa aquando da conceção se associaram a um maior risco de eventos desfavoráveis. Estes resultados reforçam a necessidade de uma monitorização regular durante a gravidez.