As principais complicações pós-operatórias do sleeve gástrico (SG) são as estenoses e deiscências anastomóticas. A colocação de prótese é uma opção terapêutica, que pode ser tecnicamente difícil dada a tortuosidade e angulação do SG. Além disso, os sistemas introdutores de alguns modelos de prótese utilizados nesta indicação têm maior calibre e são menos flexíveis. Estes aspetos podem condicionar a formação de ansa do sistema introdutor, inviabilizando a técnica “over-the-wire” (OTW) convencional. Assim, a adopção de uma técnica de colocação de próteses OTW modificada, utilizando-se gastroscópio e o overtube com balão, habitualmente utilizado em enteroscopia, seccionado às dimensões do sistema introdutor da prótese pode representar uma opção eficaz na abordagem de complicações pós-SG.
As cirurgias bariátricas e o sleeve em particular são técnicas seguras e com baixa iatrogenia, no entanto o leak e fistulização estão descritos como complicação em 2-8% destas cirurgias. O tratamento endoscópico destas situações com prótese é seguro e eficaz (60-80% dos casos). Contudo e em casos de refractariedade à colocação de próteses, as opções terapêuticas são escassas e o risco cirúrgico inerente a uma gastrectomia total é sempre elevado. Apresenta-se este caso pela nova perspectiva que oferece no tratamento clínico deste tipo de fístula.