Os lipomas duodenais são tumores raros. Na sua maioria são assintomáticos e achados acidentais, sendo uma causa extremamente rara de obstrução biliar (3 Case Reports na literatura). Os lipomas gastrointestinais não têm risco de malignização, assim sendo, é actualmente aceite a utilização da técnica de loop-and-let-go na terapêutica endoscópica destas lesões. A sua utilidade na excisão de lipomas cólicos está bem demostrada e este caso evidencia a sua segurança e eficácia no duodeno, onde é relevante o facto de esta técnica reduzir o risco de perfuração e hemorragia da excisão com ansa. Os autores apresentam iconografia do caso (incluindo vídeo do procedimento terapêutico).
A CPD com videogastroscópico convencional, permite uma melhor visualização das vias biliares e a utilização de dispositivos que não são possíveis com o duodenoscópio, sendo uma técnica útil para o tratamento de litíases biliares difíceis. Os autores descrevem um caso de litíase de difícil tratamento numa doente com estenose biliar pós transplante hepático, resolvida com recurso a CPD e ansa de polipectomia.
A RFA parece ser um método endoscópico excelente na abordagem da proctopatia rádica, particularmente em formas graves e extensas, onde o APC é muitas vezes ineficaz.A RFA parece ser um método endoscópico excelente na abordagem da proctopatia rádica, particularmente em formas graves e extensas, onde o APC é muitas vezes ineficaz.O caso descrito demonstra a técnica, com disponibilização de iconografia ilustrativa (fotos e vídeos) da sua execução.
O tratamento da doença hemorroidária com laser intra-hemorroidário é uma técnica endoscópica de fácil execução, aplicável num ambiente de sala de endoscopia, sob as mesmas condições de sedação necessárias para o exame endoscópico. A utilização desta técnica neste ambiente é inédita.
A litíase das vias biliares é uma das principais causas de icterícia obstrutiva. O tratamento endoscópico através da CPRE é o tratamento de primeira linha com elevada taxa de sucesso e baixa taxa de complicações. A colangioscopia direta através do SpyGlass DS constitui uma mais valia neste contexto, possibilitando a visualização intraluminal em alta resolução de cálculos complexos e a aplicação de litotrícia com laser para o tratamento dirigido, sob visualização direta. Esta apresenta-se como uma técnica recente, em ascensão e ainda pouco demonstrada
No pós-transplante hepático é relativamente frequente a ocorrência de casos semelhantes em que a remoção do tubo em T por via percutânea não é possível, provavelmente devido a processos de fibrose e cicatrização. Estes doentes são classicamente tratados cirurgicamente. A remoção endoscópica por CPRE é uma abordagem minimamente invasiva, que permite evitar uma laparotomia e que não está descrita na literatura. É ainda relevante a aplicação da técnica de rendez-vous que facilita e simplifica a canulação biliar selectiva particularmente neste subgrupo de doentes (transplantados) em que é tipicamente mais laboriosa. Este procedimento permite num só tempo, não apenas a remoção segura e eficaz do tubo em T, mas ainda a terapêutica endoscópica de eventuais complicações biliares pós-transplante.
A mucosectomia endoscópica (EMR) é uma técnica com excelentes resultados no tratamento de neoplasias precoces colo-retais. Contudo estas lesões são raras no duodeno, segmento gastrointestinal com características próprias (parede fina, lúmen estreito, hipervascularização), limitando a experiência da técnica neste segmento. A maioria das séries na literatura são pequenas, com resultados favoráveis, contudo com aumento do risco de complicações. Quando estas lesões atingem a papila torna-se necessário a realização concomitante de papilectomia com risco acrescido de pancreatite, exigindo competências em técnicas de ressecção endoscópica e CPRE.
A CPRE é uma técnica terapêutica importante para um vasto leque de indicações pancreatobiliares. Habitualmente, a canulação da Papila de Vater é conseguida em 95% dos doentes, no entanto em doentes com modificação da anatomia gástrica e/ou duodenal, esta encontra-se menos acessível tornando o procedimento mais complexo. De facto, o procedimento apresenta desafios no atingimento da ansa cega, na canulação da papila/anastomose e na realização de procedimentos terapêuticos. Adicionalmente, os endoscópios atualmente utilizados neste grupo de doentes são adaptados, havendo poucos acessórios específicos para a CPRE em doentes com anatomia modificada. Em doentes com anastomose hepatico-jejunal a taxa de sucesso de canulação é de aproximadamente 75%, a qual é bastante mais limitada quando em contexto de complicações, tais como estenose. Os autores apresentam o caso pela sua complexidade e iconografia ilustrativa singular.
Os OTSC permitem um encerramento mais resistente comparativamente com os clips convencionais, devido às suas capacidades de preensão full-thickness e com maior força de compressão. Consequentemente, têm uma duração in situ prolongada, cuja remoção é um desafio endoscópico. No caso apresentado, a dificuldade de remoção é maior pela presença de 2 OTSC presos um ao outro a formarem um conglomerado volumoso aderente à mucosa. Estes clips são formados por liga de níquel e titânio, o que lhes permite alterar a rigidez em função da temperatura. A temperaturas <10ºC, tornam-se maleáveis, podendo facilmente mudar de forma com o uso de força reduzida, mas assim que aquecidos retornam à sua forma original. Graças a esta característica foi possível remover os clips em segurança.
De acordo com a revisão realizada, este caso clínico, documentado iconograficamente em video, apresenta o maior lipoma retal sintomático tratado por ESD. Aliás, não encontramos na literatura nenhuma descrição de um doente com um lipoma retal com as dimensões observadas no caso que reportamos.