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As complicações associadas as deiscências e fístulas anastomóticas possuem um elevado impacto na morbimortalidade. A terapêutica de vácuo por via endoscópica é atualmente reconhecida como uma importante arma na abordagem e resolução destas complicações.

Métodos e objetivo: Estudo retrospetivo, incluindo todos os doentes com deiscência/fístula do tubo digestivo tratados com terapêutica endoscópica de vácuo (TEV), com recurso ao sistema Endo e Eso-Sponge. O objetivo do trabalho foi avaliar a aplicação, eficácia e segurança desta modalidade terapêutica.Resultados: Incluídos 10 doentes com deiscência da anastomose cirúrgica, com idade média de 63,9 anos, 80% do sexo masculino. Destes, quatro submetidos previamente a gastrectomia total com reconstrução em Y-Roux e com deiscência da anastomose esofago-jejunal, três a resseção anterior do reto e com deiscência da anastomose colorretal, dois a esofagectomia e com deiscência da anastomose esofago-gastrica e um doente submetido a duodenopancreatectomia e com deiscência da anastomose gastro-jejunal. De notar que a patologia neoplásica maligna foi o motivo da cirurgia em todos os casos. A terapêutica endoscópica de vácuo foi a primeira linha de tratamento no encerramento do defeito da parede em 9 doentes. A duração média da TEV variou entre os 10 e os 50 dias, com uma redução significativa das dimensões da cavidade ao longo do tratamento. O encerramento do defeito da parede foi complementado por outro método endoscópico em 7 casos, com recurso a prótese esofágica (n=3), OTSC (n=2) e clips (n=2). A resolução completa da complicação cirúrgica foi observada em 80% dos doentes. Em 1 caso foi considerada a falência da terapêutica de vácuo com necessidade de nova intervenção cirúrgica. Relativamente a complicações observou-se apenas 1 caso de migração da esponja.Conclusão: A TEV surge como uma modalidade eficaz e complementar no tratamento das complicações da anastomose cirúrgica, a qual inerente a escassas complicações.