Caso clínico: Homem de 63 anos, com múltiplas co-morbilidades (HTA, diabetes, DRC IV, obesidade, FA, doença arterial aterosclerótica difusa, ex-fumador) estava internado no serviço de cirurgia geral por pé diabético complicado com úlcera no calcâneo infetada.Ao 5º dia de internamento iniciou quadro de hematoquézias abundantes, sem instabilidade hemodinâmica. Por este motivo, realizou-se retossigmoidoscopia, após enema prévio, que foi inconclusiva por presença de sangue e fezes moldadas. O doente iniciou preparação intestinal para colonoscopia total que foi realizada no dia seguinte. Este exame revelou, no cólon sigmóide, um coágulo bem aderente à mucosa que se destacou parcialmente com bomba de água com consequente pequena hemorragia em babamento. Foi efetuada terapêutica endoscópica: injeção de adrenalina e colocação de clip hemostático. O doente manteve-se clinicamente estável e sem perdas hemáticas nos dias subsequentes. Uma retossigmoidoscopia realizada 1 semana após a terapêutica endoscópica revelou clip in situ sem evidência de hemorragia.Conclusão:As lesões de Dieulafoy do cólon são uma causa incomum de hemorragia digestiva baixa(HDB), sendo um desafio diagnóstico e terapêutico único. Apresentam-se normalmente com hemorragia de grande volume indolor, tornando-as clinicamente difíceis de distinguir de outras causas de hemorragia gastrointestinal inferior (como malformações arteriovenosas/ hemorragia diverticular). Uma boa preparação intestinal é importante para a adequada avaliação da mucosa e correto diagnóstico.Como no nosso caso, o risco de hemorragia é maior em pacientes com comorbilidades médicas e em doentes hipocoagulados.Embora raras, as lesões de Dieulafoy do cólon devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de HDB e é importante reconhece-las, pois podem ser controladas com eficácia por técnicas endoscópicas.