O síndrome de Ogilvie é classicamente associado a doentes idosos, acamados e aos estados após trauma ou cirurgia. Contudo, este caso ilustra que pode ocorrer em qualquer idade, associado a doença sistémica severa. Os mecanismos patofisiológicos não estão totalmente esclarecidos, parecendo ocorrer uma disfunção autonómica de que resulta inibição da motilidade cólica. A colonoscopia com descompressão do cólon é uma das opções terapêuticas, com taxa de sucesso inicial de 61-95%, verificando-se recorrência até 40% dos casos. A terapêutica da doença de base, tal como se verificou neste caso, permite a resolução definitiva do quadro.
O diagnóstico diferencial de úlceras anorretais é vasto e deve incluir doença inflamatória intestinal, neoplasias, úlcera rectal solitária, úlceras virais, proctite isquémica, proctite infecciosa e proctite iatrogénica. Os autores relatam um caso de uma etiologia rara de úlcera anorretal.
Apresenta-se o caso para realçar a importância da vigilância clínica dos doentes com tuberculose latente que iniciam terapêutica com anti-TNFs, mesmo aqueles que fazem profilaxia, uma vez que esta nem sempre previne a reactivação. Destaca-se a singularidade do caso apresentado, em que a tuberculose activa foi diagnosticada apenas 18 meses após o inicio de terapêutica biológica, apresentando recidiva da doença ganglionar após tratamento antibacilar adequado.
O diagnóstico de AH piogénico secundário à perfuração do cólon por corpo estranho é incomum e de difícil reconhecimento pois associa-se a sintomas inespecíficos e na maioria dos casos não há memória da sua ingestão. O abcesso pode resultar de bacteriemia secundária a processo abdominal à distância. Neste caso, a abordagem inicial através da ecografia abdominal point of care, permitiu de forma rápida não só estabelecer um diagnóstico como procurar e identificar a causa do abcesso hepático.
A impactação crónica de corpos estranhos é uma condição rara. Neste caso, devido à ausência de história de ingestão de corpo estranho, à ausência de sintomas específicos e da suspeita de leiomioma na ecoendoscopia inicial, o diagnóstico foi atrasado. A decisão de realizar biópsias foi motivada pela presença de ulceração superficial, o que permitiu encontrar inesperadamente e remover na totalidade o osso.
A fístula aorto-esofágica (FAE) é uma causa rara de hemorragia digestiva alta, sendo considerada uma emergência médica com alta taxa de mortalidade, quando não tratada. As FAE podem ser classificadas em primárias ou secundárias (caso haja história pregressa de cirurgia vascular aórtica). Neste sentido, as FAE primárias (menos prevalentes) necessitam de um alto grau de suspeição para o seu diagnóstico e consequentemente atitude terapêutica.
O SBB e a fistulização associada à formação de fitobezoares, complicações raras e tardias das PEG-J, podem prejudicar a manutenção do dispositivo e a realização de terapêutica nestes doentes.
A doença celíaca é uma enteropatia autoimune que surge em indivíduos geneticamente suscetíveis, podendo estar associada a outras patologias autoimunes em até 15% dos casos. Relata-se este caso pela associação pouco frequente com patologia hepática, tiroideia e doença inflamatória intestinal no mesmo doente, destacando-se a importância de uma avaliação multissistémica na doença celíaca.
A tuberculose esofágica é responsável por apenas 1 a 3% dos casos de tuberculose gastrointestinal, sendo o órgão menos atingido do trato digestivo. Pode ser primária ou secundaria, sendo ambas pouco frequentes em indivíduos jovens e imunocompetentes. Relata-se este caso pela raridade, iconografia recolhida e desafio diagnóstico, destacando a importância da abordagem endoscópica e sistémica no diagnóstico diferencial de disfagia.
A Actinomicose intra-abdominal (AIA) é uma doença granulomatosa crónica rara, causada pela bactéria oportunista filamentosa gram-positiva anaeróbia Actinomyces spp. A sua localização mais comum é ileocecal, mimetizando a neoplasia colo-retal, implicando frequentemente a cirurgia para diagnóstico.