“Interventional Endoscopy in the Management of Pancreatic Cancer” é o tema da sessão moderada pelo Dr. Ricardo Rio-Tinto, da Fundação Champalimaud e pelo Dr. Pedro Moutinho Ribeiro, do Centro Hospitalar Universitário de São João, em mais uma edição da Semana Digestiva. Em declarações à News Farma, o Dr. Pedro Moutinho Ribeiro adiantou as vantagens terapêuticas da ecoendoscopia no cancro do pâncreas, assim como os mecanismos que o tornam uma neoplasia de difícil tratamento. Veja o depoimento em vídeo.
Ainda que seja uma área em fase de experimentação, a ecoendoscopia tem obtido terreno na ajuda de doentes com diagnósticos avançados de cancro do pâncreas e sem condições ideais para cirurgia, não só em tratamentos que têm como objetivo principal aliviar sintomas provocados pelo cancro, mas também no desenvolvimento de terapêuticas de ação local no próprio tumor, com o intuito de ajudar na redução da massa tumoral.
“É uma neoplasia de tratamento muito difícil, onde a quimioterapia atua, de forma geral, mal, a radioterapia também, e os doentes candidatos a cirurgia são uma franja muito pequena da população”, salienta o especialista.
Nesse sentido, o Dr. Pedro Moutinho Ribeiro considera que “o principal desafio é, sobretudo, obter centros que tenham o nível de expertise suficientemente elevado para tratar este tipo de situações”.
“Estamos a falar, de uma forma geral, de procedimentos que envolvem gestos técnicos de elevada complexidade, quer através da CPRE, quer através da ecoendoscopia, e, portanto, temos que ter uma equipa não só de gastrenterologistas, mas também enfermeiros, técnicos de Radioscopia, que estejam bem treinados e diferenciados. Habitualmente, são situações que exigem uma dedicação específica de algumas pessoas do Serviço em questão nesse tipo de tratamento”, esclarece.
O outro desafio passa por “continuarmos na investigação, porque, de facto, o cenário que temos hoje em dia para tratar os doentes com cancro do pâncreas não é dos melhores”, ainda que vários grupos em Portugal se dediquem ao seu aspeto científico.
“Quer sejam novas técnicas, novos marcadores que possam permitir um diagnóstico mais precoce ou até, idealmente, fases precursoras deste cancro, é um desafio para esta década e para as próximas, até porque o cancro do pâncreas tem aumentado de incidência, e a taxa de mortalidade aumenta ao mesmo ritmo. Estamos a conseguir melhorar as taxas de cura, mas são taxas insatisfatórias”, conclui o especialista.